Eu pensei e repensei em uma forma de formular essa resenha de modo a apresentar a todos os meus leitores Clarice Lispector, a minha deusa literária, de forma satisfatória.
Isso porque Lispector não nasceu para ser entendida e sim para ser sentida. Seus livros são uma confluência de paradigmas absurda e possui trechos tão intimistas que transportam ao leitor ao seu obscuro da alma, ao fato de ser e ao sentir. Era tão inconstante que morreu gritando para a enfermeira “VOCÊ MATOU O MEU MELHOR PERSONAGEM!”. Aos 19 anos, foi ao Egito, olhou para todas aquelas construções e disse para um amigo “Isso tudo é de um mau gosto incrível…”. Olhou para Esfinge e afirmou: “Eu não a decifrei, mas ela também não me decifrou”.
Muito embora o meu livro preferido dela seja “Água Viva”, espécie de poema em prosa que discorre ao longo de algumas páginas uma carta de uma garota ao seu amado, “A descoberta do mundo” (Rocco, 1999) não fica para trás. Ao lado de “Perto do Coração Selvagem”, nos apresenta uma Lispector mais imatura, mas nem por isso menos profunda.
Nas 478 páginas que constituem o volume, o leitor é levado a conhecer a escritora ao passo que se conhece. É um livro que, não tenho dúvidas, mudará o seu modo de ver o mundo e a realidade que lhe cerca.
Publicado como um diário datado, já que se trata das crônicas que a mesma escreveu para o Jornal do Brasil, nos encontramos em seu texto. Seja na curta “Condição Humana” ou na extensa “Alceu Amoroso Lima”, não importa, Lispector é Lispector em qualquer quantidade.
Foge a qualquer padrão estilístico moderno da época e se volta para o próprio interior. É uma escrita inovadora, complexa e brilhante. Sou meio suspeito para falar disso porque a autora é simplesmente o meu ícone, a minha inspiração.
Mas aviso, não é um livro para qualquer um ler. É necessário estar com a mente e o coração abertos para entender perfídia de Lispector em toda a sua complexidade. É algo para ler uma frase em 1 minuto e pensar sobre ela por mais 10.
Lógico que super recomendo. Mas se atenha ao fato de que esse não é um livro para guardar em sua estante e completar a sua coleção. É algo para reler por muito tempo, abrir mesmo, folhear de um lado para o outro furiosamente. Até compreender Clarice… ou morrer tentando.
Livro: A Descoberta do MundoAutora: Clarice LispectorPáginas: 478Editora: Rocco
— Resenha escrita por Igor Silva.
Aê! Voltou ao normal a postagem de comentários para mim!
ResponderExcluirMuito legal a resenha parabéns!
Fantástica a sua resenha! Cada vez melhor!
ResponderExcluirPARABÉNS!
Amei a resenha ficou
ResponderExcluirrealmente maravilhosa Igor!!
Bj
Não entendo nada do que ela fala #prontofalei Mesmo assim, li uma vez uma lista de frases famosas da Lispector e gostei muito. Uma vez me emprestaram Água Viva e eu larguei na terceira página porque parece que ela escreve um texto aos pedaços, embaralha e depois reescreve coma ordem que sair. Tá, se você diz que ela é boa, talvez eu não esteja preparada para lê-la...
ResponderExcluirOlá onde encontro a Frase da Clarice "“Eu não a decifrei, mas ela também não me decifrou”. Grato
ResponderExcluirGostaria de saber sobre o conto A Princesa que faz parte do livro, ele é meio dificil de entender como a maioria dos contos da Clarice, mas a maior dificuldade é a interpretação que acredito que ela deixa subjetiva.
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