"Chegou a esse ponto.
Eu tenho que fazer essa vida fazer sentido.
E agora eu não posso dizer o que fiz." {♪}
Conviver e conhecer. Duas palavras que, em um primeiro momento, podem parecer andar juntas, mas muitas vezes isso não acontece. Podemos conviver com alguém diariamente, durante anos e ainda assim, sermos surpreendidos por alguma atitude tomada pelo outro. Valerie sentiu isso na pele, pois, seu namorado Nick, usou a Lista Negra para algo que ela nunca imaginaria.
Valerie e Nick são namorados e estão no Ensino Médio. Ambos enfrentam uma rotina não muito agradável na escola, pois eles são alvo de várias brincadeiras e comentários de mau gosto de alguns colegas — são vítimas de bullying. A Lista Negra surge, por acaso, com a Valerie. Ela anota em um caderno o nome de pessoas — e coisas — que ela não gosta. Ponto. Para ela, isso é tudo que essa lista representa. É um meio que ela encontra para desabafar. Tirar da cabeça e colocar no papel aquilo que a incomoda. Quando ela compartilha a existência desse caderno — ou lista — com Nick, isso passa a ser algo que eles fazem juntos.
No entanto, a lista acabou ganhando um significado diferente para Nick, pois um dia ele entra na cantina da escola em que estudavam portando uma arma e dispara contra vários colegas, mas ele escolhe os alvos. Ele abre fogo contra pessoas que estão na lista que os dois escreveram. Quando compreende o que seu namorado está fazendo, Val tenta impedi-lo e, com isso, acaba sendo atingida por um dos disparos. Ao perceber o que fez, Nick aponta a arma para si mesmo e atira.
Às vezes, a pessoa que sofre agressão — verbal ou física — carrega tudo só para si. Mas Nick acabou direcionando isso para outras pessoas. Para aqueles que fizeram mal para um dos dois em algum momento. A Val não percebia as reais intenções dele nas conversas que tinham. Conversas sobre morte eram uma constante, mas ela não enxergava ali nenhum indício de veracidade. A Lista e as conversas eram para ela uma espécia de refúgio. Eram os dois, no mundinho deles, desabafando sobre coisas e pessoas que os chateavam. Mas para Nick isso não foi suficiente. Ele quis fazer algo a respeito. E fez.
Ao acordar, no hospital, ela terá que enfrentar uma realidade árdua. Seu namorado está morto, mas isso não é tudo. Ele atirou em diversas pessoas e, para piorar, alguns fatos apontam para uma possível parcela de culpa de Valerie. Afinal, os alvos de Nick eram pessoas que estavam na lista e, ela a escrevia com ele. Matar essas pessoas não era seu objetivo, e, ela nunca soube ser essa a intenção dele. Mas como as outras pessoas poderiam saber disso? Como poderiam acreditar nela?
É desesperador saber que a Val nunca quis que isso acontecesse, e, ao mesmo tempo perceber como algumas evidências apontam para o fato de ela estar diretamente envolvida. Tamanha a angústia e tristeza que acompanham a leitura, pois ela precisa voltar para escola para terminar o Ensino Médio e precisa lidar com os colegas e com os fantasmas dos colegas e o fantasma de Nick também. Nem mesmo em casa ela encontra um verdadeiro apoio, pois o pai a vê como um problema e a mãe parece temer mais pelas outras pessoas que pela própria filha.
Não consegui gostar completamente da leitura por um motivo: senti falta de conhecer mais o Nick. O livro é narrado sob o ponto de vista da Val, eu precisava saber o que se passava na cabeça dele. O que o levou a tomar essa atitude. Não queria que isso estivesse presente na história como se para ‘justificar’ a sua atitude, mas sim porque queria conhece-lo melhor, não apenas enxerga-lo através do olhar — apaixonado — da Valerie e do olhar — pejorativo — dos demais. Seria ideal, a meu ver, que o livro tivesse o ponto de vista dele também.
É impossível levar uma vida sem marcas. Somos feridos e ferimos. Por isso esteja atento, sempre. Perceba como suas palavras e ações chegam às pessoas. Você pode discordar e você pode não gostar, mas o respeito, acima de tudo, faz-se necessário. Não se pode viver ignorando o fato de que nossa fala e nossas atitudes interferem na vida do outro.
Eu tenho que fazer essa vida fazer sentido.
E agora eu não posso dizer o que fiz." {♪}
Conviver e conhecer. Duas palavras que, em um primeiro momento, podem parecer andar juntas, mas muitas vezes isso não acontece. Podemos conviver com alguém diariamente, durante anos e ainda assim, sermos surpreendidos por alguma atitude tomada pelo outro. Valerie sentiu isso na pele, pois, seu namorado Nick, usou a Lista Negra para algo que ela nunca imaginaria.
Valerie e Nick são namorados e estão no Ensino Médio. Ambos enfrentam uma rotina não muito agradável na escola, pois eles são alvo de várias brincadeiras e comentários de mau gosto de alguns colegas — são vítimas de bullying. A Lista Negra surge, por acaso, com a Valerie. Ela anota em um caderno o nome de pessoas — e coisas — que ela não gosta. Ponto. Para ela, isso é tudo que essa lista representa. É um meio que ela encontra para desabafar. Tirar da cabeça e colocar no papel aquilo que a incomoda. Quando ela compartilha a existência desse caderno — ou lista — com Nick, isso passa a ser algo que eles fazem juntos.
No entanto, a lista acabou ganhando um significado diferente para Nick, pois um dia ele entra na cantina da escola em que estudavam portando uma arma e dispara contra vários colegas, mas ele escolhe os alvos. Ele abre fogo contra pessoas que estão na lista que os dois escreveram. Quando compreende o que seu namorado está fazendo, Val tenta impedi-lo e, com isso, acaba sendo atingida por um dos disparos. Ao perceber o que fez, Nick aponta a arma para si mesmo e atira.
Às vezes, a pessoa que sofre agressão — verbal ou física — carrega tudo só para si. Mas Nick acabou direcionando isso para outras pessoas. Para aqueles que fizeram mal para um dos dois em algum momento. A Val não percebia as reais intenções dele nas conversas que tinham. Conversas sobre morte eram uma constante, mas ela não enxergava ali nenhum indício de veracidade. A Lista e as conversas eram para ela uma espécia de refúgio. Eram os dois, no mundinho deles, desabafando sobre coisas e pessoas que os chateavam. Mas para Nick isso não foi suficiente. Ele quis fazer algo a respeito. E fez.
Ao acordar, no hospital, ela terá que enfrentar uma realidade árdua. Seu namorado está morto, mas isso não é tudo. Ele atirou em diversas pessoas e, para piorar, alguns fatos apontam para uma possível parcela de culpa de Valerie. Afinal, os alvos de Nick eram pessoas que estavam na lista e, ela a escrevia com ele. Matar essas pessoas não era seu objetivo, e, ela nunca soube ser essa a intenção dele. Mas como as outras pessoas poderiam saber disso? Como poderiam acreditar nela?
“Eu parecia completamente culpada, até mesmo para mim, mas sabia também que não tinha feito nada.” — Página 103
É desesperador saber que a Val nunca quis que isso acontecesse, e, ao mesmo tempo perceber como algumas evidências apontam para o fato de ela estar diretamente envolvida. Tamanha a angústia e tristeza que acompanham a leitura, pois ela precisa voltar para escola para terminar o Ensino Médio e precisa lidar com os colegas e com os fantasmas dos colegas e o fantasma de Nick também. Nem mesmo em casa ela encontra um verdadeiro apoio, pois o pai a vê como um problema e a mãe parece temer mais pelas outras pessoas que pela própria filha.
Não consegui gostar completamente da leitura por um motivo: senti falta de conhecer mais o Nick. O livro é narrado sob o ponto de vista da Val, eu precisava saber o que se passava na cabeça dele. O que o levou a tomar essa atitude. Não queria que isso estivesse presente na história como se para ‘justificar’ a sua atitude, mas sim porque queria conhece-lo melhor, não apenas enxerga-lo através do olhar — apaixonado — da Valerie e do olhar — pejorativo — dos demais. Seria ideal, a meu ver, que o livro tivesse o ponto de vista dele também.
É impossível levar uma vida sem marcas. Somos feridos e ferimos. Por isso esteja atento, sempre. Perceba como suas palavras e ações chegam às pessoas. Você pode discordar e você pode não gostar, mas o respeito, acima de tudo, faz-se necessário. Não se pode viver ignorando o fato de que nossa fala e nossas atitudes interferem na vida do outro.
Livro: A Lista Negra
Título Original: Hate List
Autora: Jennifer Brown
Tradutor: Claudio Blanc
Páginas: 272
Editora: Gutenberg
Imagino quão angustiante é a leitura do livro, mesmo. Por isso tenho certo receio quanto a lê-lo. Claro que eu não negaria caso algum dia surja a possibilidade de eu ler, mas ainda assim leria com receio rs É um assunto tão profundo, lúgubre e delicado... Complicado, enfim.
ResponderExcluirE, realmente, eu sempre imaginei que o livro fosse condenar o Nick e somente isso, não abordar o ponto de vista dele, mesmo que torpe e louco. Seria bom ter contato com isso também.
Adorei a resenha, Amanda :)
Beijão!
Mell Ferraz - Literature-se
Oi, Mell! <3 Obrigada pelo comentário! E fico feliz que tenha gostado da resenha. É um assunto complicado mesmo e amplo. Dá pra pensar muita coisa a partir dos assuntos que são abordados no livro. Mas é uma reflexão válida. Apesar de ser angustiante valeu a pena a leitura. Espero que tenha oportunidade de lê-lo um dia.
ExcluirBeijos!
Amanda, não fazia ideia de que este seria o desenrolar da história. Pensei ser algo bem infanto juvenil, o que não é verdade. Quero muito lê-lo agora, vou arriscar!
ResponderExcluirBeijos,
Caroline, do http://criticandoporai.blogspot.com
Oi, Caroline.
ExcluirEspero que goste da leitura quando a fizer. Eu gostei de ter lido o livro.
Beijos. :)
este livro está na minha lista de desejados há tempo, mas resenhas dele, li poucas até agora.
ResponderExcluirbullying é uma palavra que está tomando bastante a boca do povo ultimamente, e as vezes acho isso um certo absurdo.
as crianças de hoje em dia andam muito violentas comparadas a anos atrás, e acho certo todo este alarme que fazem, transformando o "bullying" em crime e tudo o mais. mas fico pensando na minha infância, tudo isso acontecia, e as vezes até na mesma proporção que tem hoje, e naquela época não achávamos um absurdo assim.
claro, as vezes as pessoas exageram, mas eu não acho que o bullying faça as pessoas se tornarem violentas. a violência vem de outro lugar...
Oi, Rayme!
ExcluirAhn, acredito que a violência pode vir de diversas formas. Não quer dizer que todo mundo que sofre bullying vai se tornar uma pessoa agressiva. Mas isso pode acontecer em alguns casos, acredito eu. Talvez seja a forma que a pessoa encontra de lidar com isso — não que seja o certo ou que eu concorde.
Olha, essa é umas das leituras que mais desejo em 2014..
ResponderExcluirGostei da sua resenha, bem elaborada. =)
bjos
Blog DAMA DE FERRO
Oi, Érika.
ExcluirEspero que tenha oportunidade de lê-lo esse ano! E fico feliz que tenha gostado da resenha. :]
Beijos.
Oi Amanda, esperei tanto desse livro que até hoje quando lembro o quanto foi frustrante me sinto mal.
ResponderExcluirNão consegui me envolver com a história, não consegui sentir todo o drama pelo que aconteceu. Acho que faltou mais emoção e uma exploração melhor dos personagens.
Penso em reler, dar uma nova chance a ele.
Beijos
Caline - Mundo de Papel
Oi, Caline.
ExcluirQue pena que foi uma leitura frustrada pra você. :{ Mas ás vezes isso acontece mesmo. Quando a gente não se conecta a história nem aos personagens fica difícil apreciar a história.
Beijos e boas leituras!
Oi, td bom?
ResponderExcluirEu li esse livro no ano passado. Além da situação desesperadora da Val, o que mais me marcou foi a dúvida dos pais, aliás, nem é dúvida, mas a certeza que eles tinham que a Val tinha participado ativamente na tragédia. A falta de apoio quando ela mais precisava, achei horrível! Também tive alguns problemas com o final do livro, mas não vou entrar em detalhes caso algum desavisado leia haha
Beijos
http://arrastandoasalpargatas.blogspot.com.br