Conheci o Gregorio Duvivier pelo seu trabalho como ator em alguns filmes nacionais. E, mais recentemente, tenho visto seu trabalho no canal de humor, Porta dos Fundos. Não faz muito tempo que descobri que ele escreve uma coluna semanal para a Folha de S. Paulo e, há alguns meses, não lembro exatamente como, soube que além de ator e roteirista ele é escritor — de poesia.
Não vou esconder a surpresa que tive ao descobrir essa outra faceta do Gregorio. Percebam como a mente humana pode ter pensamentos toscos, às vezes. Seu trabalho atual, como humorista, jamais me levaria a pensar que ele escrevesse poemas. Uma coisa não tem que excluir a outra. E não exclui. “Ligue os pontos: poemas de amor e big bang” é o seu segundo livro publicado, o primeiro, “A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora” — quão genial é esse título? — foi publicado em 2008.
enquanto você dormia / liguei os pontos sardentos das suas costas / na esperança de que a caneta esferográfica / revelasse a imagem de algum ser mitológico de nome proparoxítono / o mapa detalhado de algum tesouro submerso / formasse quem sabe alguma constelação ruiva / oculta na epiderme / e me deparei com o contorno de um polígono arbitrário que não me fornecia metáforas / não apontava direções / simplesmente dizia: você está aqui.
Gosto de poesia e sempre que possível leio algum livro de poemas. E, o que me faz gostar ou não de um livro — de qualquer gênero — é pura e simplesmente o que eu senti ao lê-lo. Gosto de histórias — ou poemas — que conversam comigo de alguma forma, e, vários poemas presentes nesse livro conversaram comigo. É especial aquele momento quando, lendo algumas linhas, você pensa que aquilo poderia ter sido escrito por você ou para você.
difícil ser feliz nas festas de santa
teresa ou sentado nas escadarias
da lapa por melhor que seja
sua companhia é difícil ser
sinceramente feliz na
pizzaria guanabara às
cinco da manhã em
meio a pedaços de
pizza fria e o cigano
igor de chapéu há
lugares em que
você sabe que
não vai ser
feliz mas
vai
Os poemas são românticos, engraçados, de linguagem fácil e sobre momentos corriqueiros. A imersão e identificação do leitor se tornam fáceis. A escrita é de uma simplicidade rica que foi capaz de me emocionar e de me fazer sorrir. A cada linha lida me era permitido ver momentos cotidianos sendo descritos de forma singela, capaz de transformar momentos comuns e, aparentemente, banais, em poesia.
PS: os primeiros poemas do livro estão dentro da categoria, cartografia afetiva. Nesses poemas, vários lugares do Rio de Janeiro são mencionados. Talvez quem more ou conheça o Rio, identifique-se mais com tais escritos. Eu, por mais que nunca tenha visitado, gostei de alguns, mas os poemas que mais conversaram comigo estavam enquadrados na segunda categoria, aprender a gostar muito. Onde as menções a lugares não são tão frequentes.
Livro: Ligue os pontos: poemas de amor e big bangAutor: Gregorio DuvivierPáginas: 88Editora: Companhia das Letras
Oi Amanda, adorei a resenha do livro! Adoro poesia, e sempre que posso leio alguma, mas por conta dos livros de vestibular, nunca consigo pegar um livro de poesia e lê-lo por inteiro, mas às vezes até gosto, porque abro em qualquer página e leio o que estiver lá, às vezes os poemas falam conosco de uma forma tão intensa que é emocionante!
ResponderExcluirBeijão,
May :*
{tagarelando.net}
Oi, May!
ExcluirFico feliz que tenha gostado da resenha <3. Também leio alguma sempre que posso. Isso é um dos pontos positivos de se ler um livro de poesia, né? Dá pra ir lendo aos poucos. Também costumo fazer isso. Ler poemas aleatórios pra só depois lê-lo por inteiro.
Beijão, boas leituras! E boa sorte no vestibular! :*
Não gosto muito de poesia e mesmo que goste bastante do trabalho do Gregório (também acompanho o Porta dos Fundos e achei genial a série Viral que eles estão postando), não acho que eu conseguiria apreciar seus poemas. Simplesmente não é um tipo de texto que me atrai.
ResponderExcluirBeijos.
Oi, Babi! Eu também gostei dessa série Viral que eles publicaram recentemente. Me divirto muito com os vídeos do canal! Que pena que poesia não costuma te atrair, mas é assim mesmo. É bom ler o que a gente curte, né? :) Beijão!
ExcluirVou quase no caminho contrário da Bárbara aqui em cima - acho que sou uma das pouquíssimas pessoas que não assiste ao Porta dos Fundos (não me pergunte por quê, haha), mas, por mais que eu não tenha o costume de ler poemas/poesia, senti que conseguiria me identificar facilmente com as palavras do Gregório. Fiquei bem curiosa! Seria um bom livro para começar a ler poesia?
ResponderExcluirBlog da Mo
Oi, Mo!
ExcluirAh, é assim mesmo. Pode ser que não seja o tipo de humor que você curte. :) Gostei muito dos poemas desse livro porque eles são simples, sabe? De fatos cotidianos. Olha, eu não sei se saberia dizer para alguém com qual livro ela deveria 'começar' a ler poesia, sabe? :{ Acho que o importante é ter interesse, aí com o tempo você vai descobrindo autores com quem você se identifica mais. Mas acredito que esse seja uma boa pra começar, porque como eu disse, o fato de os poemas serem de fatos cotidianos, acho que a identificação flui facilmente.
Beijo e boas leituras!