Os ovos azuis da serpente, livro publicado em 2017 de forma independente pelo autor mineiro Roberto Marcos, traz a história de quatro personagens um tanto peculiares e, ao nos apresentar a vida de cada um deles, o autor consegue levantar questionamentos necessários e muitas vezes incômodos.
Conhecemos Bella Flor (A Caçadora de Prazeres), por trabalhar como prostituta é uma mulher que recebe olhares incriminadores e comentários hostis por parte de muitos — talvez até do próprio leitor. Ela possui alguns critérios para selecionar os seus clientes e não cobra pelos programas que faz. Aos poucos vamos conhecendo melhor a sua história e as suas motivações. Benjamin (O fazedor de dinheiro), personagem pragmático, sistemático que ganha a vida emprestando dinheiro a jurus altíssimos. Bizet (A aprendiz de bruxarias) herdou bastante conhecimento esotérico da sua avó — sobre magia e plantas medicinais. Por essa razão ela é tida por bruxa, assim como algumas de suas ancestrais. Bento (O quase morto quase vivo) que vive — praticamente — num estado vegetativo. Mas não porque tem alguma doença e sim porque vive na inércia, em momentos de contemplação.
Esses quatro personagens — juntamente com o porteiro 'faz tudo' — são os únicos moradores de um mesmo edifício — o edifício Parque dos Pardais. Por morarem no mesmo prédio imaginamos, a princípio, que se eles não são amigos são, pelo menos, conhecidos. Mas não. Eles sequer se veem, não têm um mínimo de convivência. E, essa privacidade é possível porque em cada andar do prédio, tem apenas um apartamento.
Como não poderia deixar de ser, existe muito boato na vizinhança acerca da vida dessas pessoas, muito se especula sobre as vidas tão reclusas que levam. O próprio porteiro do prédio — Antonio Taiobeiras — sempre que tem uma oportunidade aproveita para bisbilhotar a vida dos demais moradores do prédio.
Então, esses personagens que, em um primeiro momento, parecem tão diferentes entre si, têm algo em comum: o isolamento, a solidão. Mas não só, vamos descobrindo, aos poucos, o que os conecta. Acontecimentos traumáticos, assassinatos, vidas de aparências onde tentavam transmitir algo que não eram. À medida que avançamos na leitura somos surpreendidos mais e mais com os fatos que surgem; muito mistério envolve a vida de todos eles.
Nós começamos a conhecer melhor esses personagens tão misteriosos quando acontece um assassinato no prédio onde moram. Eles começam a receber ameaças, a receber umas cartas misteriosas. Quando tudo se revela eu vivi um misto de sensações. Porque temos contato com certas atitudes do ser humano que conseguem ser fascinantes e assustadoras ao mesmo tempo.
Essa história conta com um final bastante surpreendente, mas não só o final. Várias revelações vão sendo entregues aos poucos e somos surpreendidos em vários momentos da leitura. E os mais importante: são acontecimentos surpreendentes que fazem sentido. Que quando acontecem, paramos pra pensar nas coisas que lemos anteriormente e percebemos que pequenas pistas foram colocadas ao longo das páginas.
Uma leitura que nos faz pensar na importância das relações e, ao mesmo tempo, na fragilidade delas — relações de uma forma geral, mas principalmente as relações familiares. Interessante também nessa leitura são as controvérsias que o autor insere na história, que nos fazem pensar bastante nessa questão do equilíbrio, que tudo tem dois lados, que existe mais de uma versão sobre um mesmo fato, mais de um ponto de vista; percebemos isso através do narrador. Porque em um momento lemos uma coisa e, passadas algumas páginas, lemos algo novo que desmente o que foi dito antes. Temos um narrador não confiável — ou um narrador tendencioso. Isso até convida o leitor pra uma leitura mais atenta.
Aliás, é uma leitura que demanda mais atenção dos leitores, pois é uma leitura densa, lenta. E isso se dá porque a história é construída por uma narrativa muito rica em detalhes. Mas é bastante satisfatório caminhar pelas páginas, conhecer aos poucos a história de vida de cada um dos personagens, compreender melhor as motivações por trás de cada ação, por trás de cada escolha que eles fizeram ao longo da vida.
É, sim, uma obra complexa, mas é totalmente compreensível que seja assim. Porque fala sobre a vida de algumas pessoas e o ser humano, por si só, é bastante complexo. Então se você se propõe a contar histórias de vida, a complexidade acaba, muitas vezes, sendo um caminho natural. Se eu fosse definir Os ovos azuis da serpente em poucas palavras diria que é um suspense dramático que explora várias facetas do ser humano.
Conhecemos Bella Flor (A Caçadora de Prazeres), por trabalhar como prostituta é uma mulher que recebe olhares incriminadores e comentários hostis por parte de muitos — talvez até do próprio leitor. Ela possui alguns critérios para selecionar os seus clientes e não cobra pelos programas que faz. Aos poucos vamos conhecendo melhor a sua história e as suas motivações. Benjamin (O fazedor de dinheiro), personagem pragmático, sistemático que ganha a vida emprestando dinheiro a jurus altíssimos. Bizet (A aprendiz de bruxarias) herdou bastante conhecimento esotérico da sua avó — sobre magia e plantas medicinais. Por essa razão ela é tida por bruxa, assim como algumas de suas ancestrais. Bento (O quase morto quase vivo) que vive — praticamente — num estado vegetativo. Mas não porque tem alguma doença e sim porque vive na inércia, em momentos de contemplação.
Esses quatro personagens — juntamente com o porteiro 'faz tudo' — são os únicos moradores de um mesmo edifício — o edifício Parque dos Pardais. Por morarem no mesmo prédio imaginamos, a princípio, que se eles não são amigos são, pelo menos, conhecidos. Mas não. Eles sequer se veem, não têm um mínimo de convivência. E, essa privacidade é possível porque em cada andar do prédio, tem apenas um apartamento.
Como não poderia deixar de ser, existe muito boato na vizinhança acerca da vida dessas pessoas, muito se especula sobre as vidas tão reclusas que levam. O próprio porteiro do prédio — Antonio Taiobeiras — sempre que tem uma oportunidade aproveita para bisbilhotar a vida dos demais moradores do prédio.
Então, esses personagens que, em um primeiro momento, parecem tão diferentes entre si, têm algo em comum: o isolamento, a solidão. Mas não só, vamos descobrindo, aos poucos, o que os conecta. Acontecimentos traumáticos, assassinatos, vidas de aparências onde tentavam transmitir algo que não eram. À medida que avançamos na leitura somos surpreendidos mais e mais com os fatos que surgem; muito mistério envolve a vida de todos eles.
Nós começamos a conhecer melhor esses personagens tão misteriosos quando acontece um assassinato no prédio onde moram. Eles começam a receber ameaças, a receber umas cartas misteriosas. Quando tudo se revela eu vivi um misto de sensações. Porque temos contato com certas atitudes do ser humano que conseguem ser fascinantes e assustadoras ao mesmo tempo.
Reconheceu, naquela incerteza, e com aflição, o coração incerto que tinha, bem como outras fraquezas que pulsavam, embora continuasse aceitando o desafio de levar adiante o saco vazio de suas convicções, mesmo que ele pesasse mais do que se imaginava capaz de suportar. (Página 320)
Essa história conta com um final bastante surpreendente, mas não só o final. Várias revelações vão sendo entregues aos poucos e somos surpreendidos em vários momentos da leitura. E os mais importante: são acontecimentos surpreendentes que fazem sentido. Que quando acontecem, paramos pra pensar nas coisas que lemos anteriormente e percebemos que pequenas pistas foram colocadas ao longo das páginas.
Uma leitura que nos faz pensar na importância das relações e, ao mesmo tempo, na fragilidade delas — relações de uma forma geral, mas principalmente as relações familiares. Interessante também nessa leitura são as controvérsias que o autor insere na história, que nos fazem pensar bastante nessa questão do equilíbrio, que tudo tem dois lados, que existe mais de uma versão sobre um mesmo fato, mais de um ponto de vista; percebemos isso através do narrador. Porque em um momento lemos uma coisa e, passadas algumas páginas, lemos algo novo que desmente o que foi dito antes. Temos um narrador não confiável — ou um narrador tendencioso. Isso até convida o leitor pra uma leitura mais atenta.
Aliás, é uma leitura que demanda mais atenção dos leitores, pois é uma leitura densa, lenta. E isso se dá porque a história é construída por uma narrativa muito rica em detalhes. Mas é bastante satisfatório caminhar pelas páginas, conhecer aos poucos a história de vida de cada um dos personagens, compreender melhor as motivações por trás de cada ação, por trás de cada escolha que eles fizeram ao longo da vida.
É, sim, uma obra complexa, mas é totalmente compreensível que seja assim. Porque fala sobre a vida de algumas pessoas e o ser humano, por si só, é bastante complexo. Então se você se propõe a contar histórias de vida, a complexidade acaba, muitas vezes, sendo um caminho natural. Se eu fosse definir Os ovos azuis da serpente em poucas palavras diria que é um suspense dramático que explora várias facetas do ser humano.
OS OVOS AZUIS DA SERPENTE, de Roberto Marcos
Livro: Os ovos azuis da serpente
Autor: Roberto Marcos
Páginas: 522
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