"A filha perdida" foi minha segunda experiência com a Ferrante. "Dias de abandono" foi o meu primeiro contato com a autora e, certamente, um dos livros mais impactantes que já li. Com a adaptação de "A Filha Perdida" chegando na Netflix, eu decidi ler o livro antes de assistir. E, minha segunda experiência com a autora foi igualmente marcante.
Aqui acompanhamos Leda, uma professora universitária de 47 anos, divorciada e mãe de duas filhas - Bianca e Marta - com seus 20 e poucos anos. Leda continua vivendo na Itália, enquanto suas duas filhas foram morar com o pai no Canadá. Leda decide tirar férias em uma cidade no litoral sul da Itália. Lá conhece uma família de napolitanos a quem passa a observar todos os dias em que vai à praia. E com isso relembra – e nós conhecemos – sua vivência com a maternidade.
Os conflitos de Leda enquanto mulher e mãe são muito reais. Vemos, através dela, a sobrecarga, o peso, a solidão que muitas mulheres enfrentam. Com a maternidade é necessário se redescobrir. E esse se redescobrir leva tempo, mas todos esperam que seja imediato.
É um lugar de “não espaço” para falhas, para dúvidas, para erros. Um lugar de “não espaço” para todo o seu eu anterior. Você ganha, sim, mas você também perde. E perdas nunca são fáceis. Há uma ruptura de toda a sua vida anterior para uma nova vida, um novo status: de mãe.
“A filha perdida” é um livro que trata a maternidade sem a romantização que só nos prejudica e nos faz sofrer. Há, sim, beleza na maternidade. Muita. Há, sim, um amor imenso e inexplicável de muitas mães por seus filhos. Mas há muito mais que isso. Existem os desafios, as renúncias. E continua existindo uma mulher, além da mãe, que precisamos parar de apagar, condenar e sufocar.
Título: A Filha PerdidaTítulo Original: La Figlia OscuraAutora: Elena FerranteTradução: Marcello LinoPáginas: 176Editora: Intrínseca
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